sexta-feira, 23 de julho de 2010

John Gielgud


 Saíram na Revista Piauí 46 algumas cartas do ator John Gielgud, precedidas por um ótimo texto de Fernanda Torres. As cartas revelam a paixão (obsessiva, como tem que ser) de um homem de teatro por sua arte e seu ofício. Escolhemos, para publicar aqui no blog, essas duas cartas do período da 2° Grande Guerra, que mostram que quem é mesmo de teatro nunca pensa em outra coisa:

1940
PARA SUA MÃE
Edimburgo, agosto

Houve um alerta de bombardeio no sábado, mas felizmente só dez minutos depois que o espetáculo havia terminado. Tivemos uma platéia esplêndida, o que não aconteceria se o ataque tivesse acontecido mais cedo - e cerca de 100 pessoas foram pegas de surpresa ainda no teatro, na hora em que estavam saindo, portanto ficamos com elas, as entretivemos, tocamos pianos e contornamos a situação durante uma hora, até soar o aviso de que não havia mais perigo.

PARA ROSAMOND GILDER
Londres, 27 de setembro

Caíram algumas bombas incendiárias no teatro Globe uma noite dessas e fomos correndo até o Picadilly - nos sentimos muito heróicos e apavorados - e fomos encontrar o incêndio já apagado e o palco debaixo d'água: uma porção de vidros espalhados em volta, cenários encharcados e danificados, mas ninguém ferido e nenhum dano mais grave.

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