"A Pobre Família Marx"

Estamos ensaiando a leitura do texto "A Pobre Família Marx", de autoria de Rui Xavier, que será apresentada no dia 30 de agosto no Museu de Arte de São Paulo, como parte do projeto Letras em Cena. Abaixo, um trecho do texto:

descobrir, sob a poeira dos séculos, as alavancas que movem a sociedade; imprimir rumo, dar sentido. de cada parte do todo, de cada parte, de cada elemento, distinguiremos e separaremos deus, a crosta, a sujeira dos séculos, e o extinguiremos entre as unhas, separado de cada elemento, piolho na cabeça do ocidente, piolho, grão piolho, magno piolho, e as suas lêndeas asquerosas: a submissão, a ordem pública viciada, os governos egoístas e assassinos. apontaremos as idéias na direção dos braços, e eles na direção das armas, e as armas apontadas pra parede que há entre nós e o futuro. só na ação humana, só onde houver suor humano, só no que puder ser alterado pelo trabalho, só aí a nossa fé, só aí a nossa crença,  de que só o trabalho humano propõe e inventa o mundo. nas engrenagens desenhadas pelo pensamento humano, só a vontade humana imprime o ritmo. humanos somos, e nada que é humano nos estranha. nem operários, nem burgueses, nem filósofos, nem alemães, nem judeus, nem industriais. humanos trabalhando pelo bem da humanidade. passo a passo, miséria por miséria, panfleto por panfleto. para o vampiro que suga sua vida do sangue das massas, para a doença que extermina a vontade, que se acovarda ante o jugo das opressões – da opressão financeira, da opressão moral, da opressão física – nós temos a estaca assassina, nós temos o fogo que queima, nós temos o remédio e o veneno. nós somos a estaca assassina, nós somos o fogo que queima, nós somos o remédio e o veneno. de cada elemento do todo, desnudar e dissecar as partes, para entendermos o mundo, para nós nos entendermos, para nos libertarmos do mundo e de nós mesmos. para sermos quem nós somos. para que a humanidade mereça esse nome.